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Smart Beta, o que é e como essa estratégia pode transformar sua forma de investir

Veja como essa estratégia combina regras sistemáticas e baixo custo para construir carteiras mais equilibradas e eficientes.

16 dez 2025

    3 MIN DE LEITURA

    Por Danilo Moreno, Coordenador de Research da Investo

    O mercado global de ETFs evoluiu com rapidez nas últimas décadas e deu origem a uma nova geração de índices que buscam ir além da simples replicação do mercado amplo. São os chamados índices smart beta, que seguem regras transparentes de seleção e ponderação de ativos, mas com foco em características específicas das empresas. Em um ambiente de juros ainda altos no Brasil e volatilidade elevada no cenário internacional, compreender esse conceito se tornou essencial para qualquer investidor que busca construir uma carteira moderna, eficiente e alinhada ao longo prazo.

    O que é smart beta e por que ele surgiu

    Smart beta é uma forma de investimento que combina a simplicidade e os custos reduzidos do investimento passivo com metodologias sistemáticas baseadas em fatores. Em vez de montar a carteira apenas pelo tamanho de mercado de cada empresa, como fazem os índices tradicionais como Ibovespa e S&P 500, o smart beta usa regras que selecionam e organizam as ações com base em características específicas das empresas. Essas características são chamadas de fatores.

    Fatores representam características observáveis das empresas que costumam influenciar o comportamento de risco e retorno de seus ativos. Entre os principais fatores utilizados em estratégias smart beta estão valor, qualidade, tamanho, baixa volatilidade e momento. Cada fator segue um conjunto de regras claras para identificar as empresas que apresentam essas características e atribuir pesos de acordo com a metodologia definida.

    Quando falamos de valor, estamos nos referindo a empresas que negociam na bolsa por preços relativamente baixos em comparação ao que seus fundamentos financeiros indicam. A ideia é identificar companhias consideradas baratas pela métrica de mercado.

    Quando falamos de qualidade, o foco é encontrar empresas mais sólidas, com lucratividade consistente, boa saúde financeira e eficiência operacional. São companhias que tendem a atravessar ciclos econômicos com mais resiliência.

    Quando falamos de tamanho, estamos analisando empresas menores em valor de mercado, que historicamente podem ter mais espaço para crescer, embora também possam apresentar mais volatilidade.

    Outro exemplo comum é o fator de baixa volatilidade, que seleciona empresas cujo preço oscila menos ao longo do tempo, criando uma carteira mais estável. Já o fator momento foca em ações que vêm apresentando tendência recente de alta, uma característica que costuma se sustentar em determinados períodos.

    Por que smart beta tem ganhado relevância

    O avanço do smart beta está diretamente ligado à evolução da própria indústria de investimentos. Durante muito tempo, acreditava-se que grande parte do retorno adicional entregue por gestores ativos vinha de habilidade individual. A academia mostrou que, em muitos casos, esses resultados não eram fruto de decisões excepcionais, mas sim da exposição sistemática a certos padrões de mercado que se repetiam ao longo do tempo. Em vez de alfa genuíno, boa parte desse desempenho adicional era, na prática, um tipo diferente de beta, relacionado justamente aos fatores.

    Essa constatação transformou a forma como investidores passam a pensar a construção de carteiras. Se era possível acessar esses mesmos padrões de retorno de maneira transparente, com regras fixas e custos muito menores, então não fazia sentido pagar caro pela gestão ativa que, muitas vezes, apenas replicava de forma implícita fatores como valor, qualidade, tamanho ou momento. Smart beta surgiu como uma forma de trazer esses prêmios de risco para dentro de índices objetivos, deixando claro ao investidor de onde vem cada parte do retorno.

    Além disso, smart beta atende à busca por carteiras mais equilibradas. As metodologias seguem critérios objetivos que evitam vieses de decisão, reduzem concentrações excessivas e permitem calibrar a estratégia para objetivos como menor volatilidade, maior resiliência ou diversificação mais eficiente. Por unir simplicidade, evidência acadêmica e custos reduzidos, ETFs smart beta vêm se consolidando como uma alternativa cada vez mais relevante para o investidor moderno.

    O papel do smart beta na carteira do investidor

    Para quem constrói portfólios estruturados, smart beta funciona como um ponto intermediário entre o passivo tradicional e a gestão ativa. Ele não busca previsões de curto prazo ou escolhas discricionárias, mas oferece maior direcionamento do que simplesmente replicar um índice amplo. A combinação de regras claras, baixo custo e exposição a fatores com histórico robusto torna essa estratégia especialmente útil em portfólios modernos.

    No Brasil, esse movimento ganhou força à medida que o mercado local passou a oferecer produtos alinhados às tendências globais. A Investo teve um papel pioneiro nesse processo ao lançar os primeiros ETFs smart beta focados em fatores no país. SCVB11, que combina small caps brasileiras com abordagem de valor, e SVAL11, que aplica a mesma filosofia no universo de small caps dos Estados Unidos, abriram caminho para que investidores locais acessassem estratégias fatoriais de forma simples, transparente e com baixo custo.

    Mais recentemente, a família de smart beta da Investo se expandiu com o lançamento de QLBR11, que seleciona empresas brasileiras com características de qualidade, e BVBR11, que foca em companhias de baixa volatilidade no mercado local. Esses produtos ampliam o acesso aos principais fatores estudados pela academia e permitem que o investidor combine diferentes abordagens dentro da mesma carteira, ajustando o perfil de risco e retorno de acordo com seus objetivos.

    Com a disponibilidade desses ETFs, o investidor brasileiro passa a contar com uma caixa de ferramentas mais completa para construir uma alocação moderna e orientada por evidências. Smart beta não substitui o investimento passivo tradicional, mas complementa. Ao unir teoria acadêmica, metodologia sistemática e execução via ETFs, a estratégia se torna uma ponte natural entre gestão passiva e ativa, criando um caminho eficiente para quem busca investir com clareza, racionalidade e visão de longo prazo.

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