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Entenda as diferenças entre renda fixa e renda variável

Henrique Pavan / 13/11/2020 / Mercado Financeiro

13 nov 2020

    3MIN DE LEITURA

    Por Henrique Pavan

    Entenda as diferenças entre renda fixa e renda variável

    Você já parou para pensar sobre as diferenças entre renda fixa e renda variável? Se não, então acompanhe este texto para saber um pouco mais sobre assunto.

    Renda fixa

    As aplicações de renda fixa são aquelas em que a informação sobre o seu rendimento já está disponível no momento em que você, inicia o investimento. Geralmente, aplicar em renda fixa consiste em emprestar dinheiro para o governo ou para uma empresa. Se sua aplicação em renda fixa oferecer um rendimento de 100% do CDI, isto significa que você já sabe que receberá esse porcentual ao longo do tempo em que estiver com seu investimento ativo. Isto não irá mudar mesmo se a empresa (ou governo) para a qual você empresta tiver uma performance boa ou ruim. É claro que, se a empresa falir e deixar de existir, você pode levar um calote. Mas para isso existe o Fundo Garantidor de Crédito (FGC) que irá cobrir suas aplicações em renda fixa que não ultrapassem os R$250 mil. Mesmo assim, o risco de isso ocorrer é baixo. O que pode mudar, com efeito, é a taxa de juros vigente no mercado. Se a sua aplicação for pós-fixada significa que o rendimento varia conforme as condições da economia e das taxas de juros. Voltando ao exemplo em que você receberá 100% do CDI. Pode ser que no momento atual este valor esteja próximo de 2% e, portanto, este será seu rendimento. Mas se daqui há um ano o CDI subir para 3% ao ano, então esta será a nova rentabilidade de sua aplicação. Mas o fato de a taxa de juros variar não significa que estejamos falando de renda variável. Ao contrário, você sabe de antemão o cálculo ou a forma de rendimento que irá receber, mesmo que este rendimento oscile. Portanto, trata-se de renda fixa!

    Tipos de aplicações em renda fixa

    Agora que você já sabe sobre as principais características do mercado de renda fixa, vamos ver alguns dos principais ativos deste tipo de investimento.

    Títulos públicos

    São a maneira mais fácil e conhecida de entrar no mercado de renda fixa. É possível começar a investir com apenas R$ 36,00. O governo federal emite tais títulos para financiar a dívida pública. Em outras palavras, ao comprar um desses títulos você estará emprestando ao governo. Existem várias opções de títulos. Entre os pós-fixados destaco aqueles que são indexados à taxa Selic ou ao IPCA (principal índice de inflação do Brasil). No primeiro caso, seu rendimento dependerá do valor da taxa Selic vigente, que hoje (novembro de 2020) está em 2% ao ano e muito dificilmente seguirá abaixo disso. Portanto, se você comprar Tesouro Selic agora provavelmente receberá taxas de juros maiores nos próximos anos. É sempre bom lembrar que você vai encontrar esses títulos em maturações diversas, sendo muito comum prazos de 3 a 5 anos. No caso dos títulos indexados ao IPCA, seu rendimento será composto por uma taxa básica de juros somada à variação da inflação no período. A vantagem desses títulos é que seu poder de compra será preservado, já que seu valor sempre será corrigido pela inflação. O Tesouro Direto também emite títulos pré-fixados. Neste caso, a taxa de juros é fixa desde o início do contrato, não importando as condições de mercado ao longo da aplicação.

    Debêntures

    As debêntures também são títulos de dívidas emitidos no mercado. A diferença é que, nesse caso, as empresas é que são as entidades emissoras. Em momentos de intensa atividade econômica, esse mercado se aquece, dado que as empresas estão buscando ampliar sua produção e vislumbrando novas possibilidades de negócios. Para isso, elas pegam dinheiro emprestado pagando debêntures. Os rendimentos das debêntures também podem ser prefixados ou pós-fixados.

    CDB

    CDB é uma abreviação para Certificado de Depósito Bancário. É aquele produto que o banco vive te oferecendo. Mas do que se trata? Mais uma vez, estamos falando de um título de dívida. Desta vez, os bancos são as entidades emissoras. Eles oferecem esses títulos ao público para obterem empréstimos e, em troca, pagam uma taxa de juros. Um bom CDB deve pagar, pelo menos, 100% do CDI (o CDI é uma taxa de juros formada no mercado interbancário que se aproxima muito da Selic) e você pode encontrá-los tanto na forma prefixada como na pós-fixada.

    LCI/LCA

    As Letras de Crédito Imobiliário ou do Agronegócio, são títulos de dívida emitidos por instituições financeiras para financiar aqueles setores. Quando o mercado imobiliário está aquecido, por exemplo, as oportunidades de investimentos em LCI aparecem mais, já que as empresas desse setor estão bastante atuantes e, portanto, captando muitos empréstimos. A vantagem de investir em LCI/LCA é que esses títulos são isentos de Imposto de Renda, e também se encontram nas modalidades pré e pós-fixadas.

    Renda variável

    Os ativos de renda variável são aqueles que não apresentam padrões definidos de rentabilidade ou de oscilação em seus valores. Assim sendo, apresentam um maior grau de risco em relação aos ativos de renda fixa, mas também podem oferecer melhores retornos. Vamos aprender um pouco sobre seus principais tipos.

    Ações

    Ações são um verdadeiro clássico dos mercados! E são, também, o ativo mais negociado e mais popular no mercado de renda variável. Ao comprar uma ação você passa a ser dono de uma parte da empresa e, portanto, assume seus riscos e benefícios. Você pode receber dividendos, que são lucros distribuídos entre os acionistas ou ver o valor de sua ação aumentar se a economia e a própria empresa apresentarem um bom desempenho. Entretanto, se a empresa andar mal, você perde junto. O valor das suas ações pode cair e haverá grandes chances de você não ver a cor dos dividendos nesse período. Resumindo, você assume parte do risco do negócio! Mas a vantagem das ações é que, no longo prazo, elas rendem mais do que a renda fixa. Por mais que ocorram oscilações, a tendência ao longo dos anos é que os índices de ações apresentem boas taxas de crescimento. Então, neste caso, é preciso ter paciência e apostar no longo prazo. Uma forma de diminuir riscos é apostar em fundos de ações. Eles são espécies de “vaquinhas” em que cada investidor (ou cotista) aplica uma parte de seu dinheiro para que a gestão do fundo compre diversas ações de modo a atingir certo rendimento. Dessa forma você acaba diversificando seus investimentos com o apoio de profissionais especializados. Ainda assim, ter paciência e investir por prazos mais longos continuam sendo estratégias recomendadas.

    Derivativos

    Como o próprio nome já diz, os derivativos são ativos cujo valor deriva de outro ativo. Como? É possível negociar uma ação para ser comprada no futuro, por exemplo. Nesta negociação (que ocorre na bolsa, de maneira impessoal e com muitos derivativos sendo comprados/vendidos o tempo todo, diga-se de passagem) o comprador aposta que o preço da ação estará maior no futuro. Se o contrato de derivativo sendo vendido hoje, oferecer um preço de ação que ele considere menor do que ocorrerá daqui a um tempo, então ele provavelmente comprará esse contrato. O vendedor espera que ocorra o contrário. Então, os mercados de derivativos funcionam para que os investidores busquem uma espécie de seguro contra as oscilações do mercado. Por isso são ativos de renda variável, pois embutem o risco das oscilações e variações que ocorrem com o fator tempo.

    Fundos cambiais

    São similares aos fundos de investimento só que com a diferença de que a maior parte de suas aplicações será em moeda estrangeira! E se existe algo totalmente variável é a tal da taxa de câmbio não é mesmo? Esta aplicação funciona como uma espécie de seguro contra a variação de moedas estrangeiras – principalmente o dólar. Imagine alguém que investiu em fundos cambiais em 2019 e precisou de dólares agora (em novembro de 2020)! Esta pessoa se deu bem, pois se protegeu da desvalorização do real. Assim sendo, os fundos cambiais são muito úteis para quem lida com moedas estrangeiras, sejam importadores, turistas ou quem planeja alguma atividade no exterior nos próximos meses ou anos.

    Qual opção devo escolher?

    Agora que você já leu quase o texto todo, deve estar se perguntando sobre qual é a melhor opção para aplicar seu dinheiro: renda variável ou renda fixa? Na verdade, não existe uma opção certa e outra errada. A escolha dependerá do seu perfil de investidor (ou seja, do risco que está disposto a assumir), do prazo da aplicação e de uma série de outros fatores.

    Cenário Econômico, juros e renda variável

    Fazer previsões sobre o que ocorrerá com as variáveis da economia e do mercado financeiro no longo prazo é uma tarefa ingrata e muito difícil. Mas o que se pode saber agora é que a taxa Selic permanecerá em um patamar baixo pelos próximos anos. Desta forma, a renda variável pode oferecer melhores opções de rendimento. A depender da situação econômica, fiscal e inflacionária do país as taxas de juros podem voltar a apresentar um patamar semelhante do visto tempos atrás. Então, a renda fixa passará a ser atrativa novamente.

    Então, o que fazer?

    Como dissemos anteriormente, não existe uma resposta clara sobre qual seria um bom ou mau investimento neste caso. A renda fixa é considerada mais segura por que suas aplicações são cobertas pelo Fundo Garantidor de Crédito no limite de R$ 250.000,00. Além disso, os títulos públicos possuem risco baixíssimo pois o governo – em última instância – pode emitir moeda para pagar seus credores. Adicionalmente, para reservas de emergência, as aplicações em renda fixa são mais recomendadas pois garantem rendimento seguro (ainda que modesto) e possuem alta liquidez (que é a facilidade com que você resgata sua aplicação). Já a renda variável apresenta maior risco e, portanto, não é aconselhável para quem tem nervos à flor da pele. É uma opção muito interessante para aplicações de prazo mais longo. Isto significa que você precisa ter paciência e se planejar para investir em renda variável. Desta maneira, você não se assustará com as oscilações de curto prazo que ocorrem nesse mercado. Os índices de ações, por exemplo, tendem a ter um desempenho melhor que a rentabilidade da renda fixa em períodos mais dilatados.

    Diversifique!

    A dica mais valiosa para todos que procuram investir no mercado financeiro é diversificar os investimentos. Não coloque todo o seu dinheiro em uma única aplicação. Se resolver arriscar um pouco mais em renda variável, compense com aplicações na renda fixa. Diversifique, também, em relação a prazos: períodos mais curtos vão bem em renda fixa, planejamentos mais longos funcionam melhor com renda variável. Se for planejar uma viagem ou estadia no exterior, procure um fundo cambial. Tenha tranquilidade, informe-se e perca o medo. O mercado financeiro pode ser uma ferramenta muito importante para proteção e, também, para o aumento de sua renda se for utilizado de maneira racional e segura.


    Henrique Pavan

    Professor de Economia, com 10 anos de experiência em graduação e pós. Produtor de conteúdo nas áreas de finanças e economia. Possui doutorado pela UFABC, no qual pesquisou temas como moedas socais, inclusão financeira e a relação entre moeda/sistema financeiro com o desenvolvimento local.

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